No último dia três de dezembro foi comemorado o dia
internacional da deficiência. As redes sociais se entulharam de fotos e textos
para as homenagens. Claro, que dias como esses são para serem lembrados, como
dia do professor, dia das crianças. É uma forma de materializar que existimos,
que estamos aqui, talvez inalcançável, para chamar a atenção dos outros: Olha
eu aqui, eu existo!
Mesmo que em raras
vezes somos percebidos diante da multidão. Queremos sim, sermos lembrados, no
entanto não por dias específicos em comemorações, queremos ser lembrados todos
os dias. Diante das adversidades que enfrentamos, principalmente
arquitetônicas.
Queremos ser lembrados quando não há rampa em lugares que
também devemos ir, queremos ser lembrados quando não há elevadores, queremos
ser lembrados pela falta de vagas para deficientes.
Queremos também ser
lembrados quando alguém não respeita a vaga para deficientes, queremos ser
lembrados pela falta de cadeiras, e qualquer tipo de acessório que precisamos e
que surgem no mercado com valores abusivos. Queremos ser lembrados pela falta
de respeito com as pessoas com alguma dificuldade. Queremos ser lembrados
quando há preconceito por qualquer motivo e isso não toleramos. Queremos ser
lembrados quando há gente sem noção, com perguntas mais sem noção ainda.
Há muitas histórias que rondam a exclusão das pessoas com
deficiência. Exemplo disso é que na Roma
Antiga, tanto os nobres como os plebeus tinham permissão para sacrificar os
filhos que nasciam com algum tipo de deficiência. Da mesma forma, em Esparta,
os bebês e as pessoas que adquiriam alguma deficiência eram lançados ao mar ou
em precipícios.
Sei que ainda há muito o que se conquistar, entretanto
estamos em um caminho longo, e aos poucos as pessoas estão cada vez mais tendo
a oportunidade de conviver com a diferença. E quem falou que todos nós não
temos alguma limitação na vida? Estamos apenas sendo aprendizes. E a
possibilidade da diferença nos dá um ganho muito maior de vida e de aprendizado
que todos somos normais segundo as nossas próprias perspectivas. Todo dia é dia
de aprender, e olhar para o mundo com um olhar mais baixo como o de um
cadeirante, ou um olhar mais desfocado daqueles que perderam um pouco a visão,
alguns tem dificuldade de ouvir as vozes que o mundo nos oferece. Porém, uma
coisa eu tenho certeza: que todos nós estamos aqui para fazer o nosso melhor.
Seja gentil e siga em frente,
o resto: bom, ele sempre acontece.
Texto publicado originalmente no Jornal: A Novidade em 10/12/2015