sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Pequenas gentilezas


Gentileza: ação nobre, distinta ou amável. Capacidade de perceber uma necessidade de alguém ou retribuir algo que lhe foi feito, sem ser pedido. Ou seja: ter educação é ser gentil.  E nós cada vez mais percebemos a falta que essa palavra faz no nosso cotidiano. O mundo está escasso de ações amáveis, de gente que olhe para o outro. De gente que perceba que os pequenos gestos pode mudar o seu dia de uma maneira inacreditável. Gentileza não deveria ser surpreendente, e, sim, um hábito.





O jeitinho brasileiro sempre derrota as gentilezas. Se vê gente estacionando em vaga de deficientes, só cinco minutos;  de cinco minutos vira dez, vinte e, quando vê, já se passaram duas horas, e o carro do cidadão está lá na vaga de quem precisa realmente. Aquela vaga é algo importante para quem precisa de uma cadeira de rodas para se locomover. Tenha consciência disso.  
E a falta de gentilezas não param por aí, existem até pessoas que terminam relacionamentos por mensagem texto, skype, ou qualquer outro meio que não seja pessoalmente. Falta a coragem de olhar no olho do outro e falar que tudo terminou, que foi bonito a passagem daquele amor, que foi válido. Gente que é covarde até no ultimo abraço, das lágrimas que escorrem pelo rosto cansado.  Naquele momento difícil, porém importante para o corte dos laços que ainda os unem.
E as gentilezas onde ficam? Ficamos percorrendo um mundo cada vez mais violento e gente passando pelas ruas, sempre tão frenéticas. Trabalho, almoço, reunião, mandar e-mail, postar a foto, ligar pra esposa, faculdade, apresentação, escrever a matéria para o jornal. O tempo escorre entre nossas mãos e ficamos perdidos, perdemos até a direção de nossas vidas. E não olhamos para o lado: para moça que te dá um sorriso ou acena a cabeça enquanto atravessa a rua; para a criança e seu olhar de admiração com o seu novo brinquedo; para a chegada da primavera e das flores que aparecem de leve pelas avenidas que passamos.

A gente esquece os pequenos detalhes da vida, do pedaço de bolo que a mãe faz, dos conselhos da Vó,  do desenho da criança faz com toda a família, e ela logo diz: 
- Olha mãe, eu desenhei nossa família.

Às vezes, perdemos pequenos capítulos, pequenas perguntas que ficam pairadas no ar. Queremos voltar ao passado para agarrar apenas aquele momento. Sinto muito, o passado não volta. Aproveite o que puder, seja gentil com as pessoas, e pare de olhar para o próprio umbigo. O mundo precisa de pessoas que tenham como lema: gentileza gera gentileza. Quem sabe assim a vida poderia ser muito melhor, pois como disse o profeta: "Amor, palavra que liberta." Ser gentil nunca é demais. Ainda mais em um mundo cada vez mais automático.  

Texto publicado originalmente no Jornal: A Novidade em 16/10/2015

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