sábado, 1 de agosto de 2015

Em férias




Quando entrei naquele parque minha visão teve quase um colapso de tanta criança junta em um mesmo espaço. Uma segunda- feira nublada do mês de julho e elas estavam lá, de todas as cores, classes sociais e de todos os jeitos imagináveis possíveis, juntas elas só querem uma coisa, apenas ser crianças. Havia no balanço duas meninas que se balançavam e sorriam uma para a outra. Seus vestidos coloridos voavam enquanto o balanço subia. As risadas se misturavam com as conversas de ser criança. Havia uma menina com sua cachorrinha poodle, as duas sentadas em um banco, a menininha passava as mãos carinhosamente no pelo plumoso e volumoso da cachorrinha, enquanto seu olhar passava por outras crianças que ali se divertiam. No gramado os meninos jogavam bola com sua bola de futebol multicolorida, jogavam um para o outro e também corriam, dando risadas, parando a bola com seus pés ainda pequenos, porém habilidosos. 

Férias, quantos dias imagináveis eles esperaram por isso, crianças querendo se divertir, com seus primeiros e confiáveis amigos, amigos do colégio, conversas sobre seus jogadores de futebol preferido, seu time, ou até de como conseguir manobrar um skate. Eles estão ali e já imaginando o que podem fazer amanhã, dormir até tarde, talvez? Sem deveres para casa, sem cálculos matemáticos, nem as explicações sobre as expedições na aula de história, sem recreio, educação física, sem rever toda a turma e talvez até sentirá uma ponta de saudade da professora que tenta explicar sobre uma disciplina chatíssima, entretanto ela se esforça em passar a matéria da melhor forma possível para seus alunos. 

Crianças que agora podem dormir tarde, talvez até na casa do amigo, aquele amigo camarada que todo mundo tem. Comer pipoca, chocolate, assistir desenho até tarde, rir até a barriga doer, brincar de lego e construir seus heróis preferidos, casas, hotéis, tudo o que se pode imaginar. Lutas com dinossauros, soldados e tudo mais, só uma ressalva, são apenas crianças, sem preocupações aparentes, só tentando imaginar seu mundo, construindo o que um dia elas serão de verdade. 

E os pais onde ficam nessas férias? Alguns trabalham, outros não, entretanto há uma coisa que diferencia a educação de nossas crianças, sei que às vezes o trabalho toma muito seu tempo, sei que às vezes a noite já está caindo e o tempo parece que se derrete em suas mãos e você já nem sabe se seu filho dorme, ou ainda está acordado. Tempo, tempo, tempo, você vai sentir falta de quando ele, seu filho era apenas criança e mal pronunciava as palavras e você tentava de todas as maneiras decifrar o que estava tentando falar. Guarde um tempo para seu filho, nem que seja para conversar ou ler um livro para o mesmo dormir e se as férias de vocês coincidirem, aproveite cada tempo, espaço e conversa, pois um dia você irá olhar para trás e sentir falta de qualquer vestígio que sobre entre vocês como se agarrasse a última gota de suor de seu trabalho para dar um futuro melhor. Há momentos na vida que nenhuma “coisa” paga. 

Aproveite, e esteja em férias mas não do seu filho, esteja em férias às vezes, quando puder, do tempo, mas do tempo que você vai poder lembrar que esteve presente na vida da sua criança. Ele é só uma criança e quer com certeza a sua presença no tempo de ser criança. 

Publicado originalmente no Jornal A Novidade em  31/07/2015

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